De onde vim!?
Uma questão nunca antes colocada, ou talvez o tenha feito mentalmente, sem
conseguir precisar.
Sei que vim de
forma desejada. Uma menina! Um desejo de um jovem casal alcançado após quatro
anos, aquando vivenciada uma experiência anterior similar, mas num género
diferente, o meu irmão.
A minha primeira
grande aventura deu-se na maternidade, onde actualmente trabalho, a Maternidade
Alfredo da Costa, entre ruas e jardins na cidade de Lisboa. Poucas horas após a
minha primeira manifestação e saudação para com os presentes, o meu primeiro
choro fora do meu casulo, fui levada, espero eu carinhosamente, pela progenitora
e apreciado o contacto com a água potável. Talvez seja esta a explicação para o
apreço e sintonia que tenho e mantenho com este líquido, resultante de um
contacto prematuro.
Adoro-a, seja
ela potável, doce, salgada ou apaladada com cloro.
Talvez ainda
este amor possa ser explicado pela presença de um rio que banha a minha cidade
natal, o rio Tejo, nas quais as recordações circundam e envolvem-no. As suas
águas brilhantes e reflectoras de várias cores aquando o sol incide são
promotoras de bem-estar e alegrias e na noite escura, os reflexos são de um
encantamento na qual não encontro definição ou palavras para descrever rara
beleza. Esta admirável paisagem pode ser prezada nos miradouros de Lisboa, dispersos
pelas sete colinas de Lisboa tão apreciados pelos residentes e turistas. São
conhecidos os miradouros de S. Pedro de Alcântara, da Graça, o de Santa
Luzia entre tantos outros, mas existe um, único e repleto de ternurentas e
inesquecíveis lembranças, não sabendo se o poderei designar como miradouro, constituído
por duas colunas que penetram dentro de um corpo em movimento e chamativo,
separadas por lajes brancas e envelhecidas sendo durante muitos séculos a porta
de entrada e saída para lugares longínquos e desconhecidos. Este local especial
habita no Terreiro do Paço, sendo o seu nome de batismo Cais das Colunas.
E
perguntas, o que tem de especial em relação a tantos outros!? Resposta simples.
Algumas das minhas tardes de domingo foram passadas no mundo da fantasia, sendo
o seu espaço repartido entre campos de futebol com o irmão mais velho, escadas
e halls de um palácio real com a irmã mais nova, enquanto os adultos ausentes
em pensamentos e divagações ou conversas aborrecidas partilhávamos e dividíamos
este perfeito lugar, repleto de uma rara tranquilidade entre energias
circundantes.