domingo, 7 de julho de 2013

Desejo versus Dever

Tudo parece estar bem… tudo tem o seu lugar… tudo tem a sua razão de o ser… então se tudo, se é que se pode aglomerar tudo num recipiente, num local ou propósito, eu também deveria estar.
Mas, felizmente ou infelizmente, ainda não consigo precisar, sendo esta ambiguidade a minha realidade presente. Faz algum sentido ou será o efeito de quem dorme e volta a dormir, ultrapassando horas, minutos e poder-se-á ainda agrupar os segundos, ficando por aqui em relação ao controlo do tempo, acordando apenas pela obrigação de trabalhar.
E, como um fantoche pendurado por finos, mas não frágeis fios, sou encaminhada para uma banheira despertando perante o contacto da água morna e aí, sim, consigo libertar-me das amarras.
Permito que os dedos percorram o vestido negro com pequenas estrelas desenhadas que compõem o teclado do computador, e vou libertando a imaginação ao som monocórdico de um ar condicionando que arrefece o espaço, um corpo e, quem sabe ainda, uma alma…
E, tudo isto, e muito mais, apenas para partilhar que deveria estar bem, que deveria sentir-me bem, mas que no referido momento apenas gostaria de estar na praia a preparar-me para penetrar em águas salgadas, banhando a minha pele com raios solares e revigorando o meu todo, em vez de estar a preparar para penetrar em edifícios cinzentos camuflados de cor e banhando-me em luz artificial, consumindo o meu todo…
Por isso, como poderei dizer que estou bem!? 
O meu desejo e vontade cedem espaço e prioridade à razão e ao dever e a objectividade toma poder, provavelmente por resignação ou pelo efeito de calmaria de água sanitária morna, intensificado pelo ar fresco onde coabito e expulso a minha franqueza… e, como exposto no desabafo inicial deste teor, tudo tem uma razão de o ser. 
Sou precisa para escutar, tratar e cuidar de terceiros que se encontram em convalescença. Como tal, só me basta desejar bons banhos salpicados de sal para todos!!

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